domingo, 16 de dezembro de 2007

Há 18 anos a 'Selevasco' conquistava o bicampeonato brasileiro

Há exatos 18 anos, o Vasco conquistou o bicampeonato Brasileiro. Foi um dos seus títulos mais importantes e emocionantes. Coube ao jovem Sorato, na época com apenas 20 anos, decidir o jogo contra o São Paulo no Morumbi. A decisão também marcou o terceiro encontro entre um clube carioca e um paulista na final de um Brasileiro.

Na época havia uma vitória para cada lado. Restou ao Vasco desempatar o duelo e fazer com que os cariocas ficassem à frente dessa estatística.

O time da Colina entrou em campo com a vantagem do empate, por ter um ponto a mais do que o adversário. Porém, foi o esquema tático montado pelo técnico Nelsinho, muito mais consistente do que o paulista, que fez a diferença na decisão.

Os lançamentos de Mário Tilico e os avanços de Raí e Bobô foram interceptados por Quinoñez, Mazinho e Boiadeiro, que impediam as jogadas mais mortais do Tricolor.

No primeiro tempo, os times começaram se estudando bastante e pouco atacaram. Apenas o goleiro Acácio precisou fazer uma defesa difícil em um chute de Edivaldo, após uma cobrança de falta, aos 28 minutos.

A segunda etapa começou quente e logo aos cinco minutos o jogo foi definido em uma jogada excepcional de quase todo o time cruzmaltino. No lance do gol, nada menos do que sete jogadores tocaram na bola. Começou com o ídolo Bebeto. Ele acionou William que passou para Mazinho. O lateral tocou para Bismarck que encontrou o meio-campista Boiadeiro livre. Ele avançou e passou para Luís Carlos Winck que fez um cruzamento na medida para a cabeçada abençoada de Sorato, no cantinho. Sem chance de defesa para o goleiro Gilmar. Vasco 1 a 0 e com a mão no título.

Depois do gol, cada time ainda teve mais duas boas chances de mexer no placar. Porém, todas elas pararam nas mãos dos goleiros. Quando o juiz paulista apitou o final da partida, a torcida cruzmaltina cantou, vibrou e gritou uma frase que esperou 15 anos para ser proferida pela segunda vez, desde Jorginho Carvoeiro: “Sou campeão brasileiro!”

São Paulo 0 x 1 Vasco

Vasco: Acácio, Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Quinoñez e Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro e Bismark; William, Bebeto e Sorato.
Técnico: Nelsinho Rosa

São Paulo: Gilmar, Neto, Adilson, Ricardo Rocha e Nelsinho; Flávio, Bobô e Raí; Mário Tilico, Nei e Edivaldo.
Técnico: Carlos Alberto Silva

Local: Morumbi, São Paulo
Árbitro: Wilson Carlos dos Santos
Gol: Sorato, aos cinco minutos do segundo tempo
Renda: NCz$ 2.394.335,00
Público: 71.552

Clique aqui para acessar a campanha do Vasco no Campeonato Brasileiro de 1989.

De pé, da esquerda para a direita: Mazinho, Marco Aurélio, Célio Silva, Quiñonez e Tato. Agachados: Vivinho, Bismarck, Zé do Carmo, Marco Antônio Boiadeiro, Cássio, William e Luís Carlos Winck


Festa em São Januário

A torcida do Vasco foi à loucura com a vitória em cima do São Paulo e a conquista do almejado título. Tanto que passou quase uma semana comemorando. Logo após o término da partida no Morumbi, o Rio de Janeiro foi tomado pela festa cruzmaltina no ritmo do samba.

Centenas de pessoas foram comemorar na sede de São Januário. Mas a festa oficial só veio dois dias depois, na terça-feira, dia 19, quando os jogadores receberam as faixas de campeões, assim como os dirigentes e a comissão técnica.

O festejo contou com a presença de vascaínos ilustres, como Jamelão, Martinho da Vila, Sérgio Cabral e o eterno ídolo Roberto Dinamite, que mesmo jogando em outro clube foi exaltado durante todo o tempo.

Durante a comemoração, uma das músicas mais ouvidas foi: “Coisa boa é ser Vasco”, de Josué e Jandira da Mangueira, que era tocada nos alto-falantes do clube. Além, é claro, do hino vascaíno e também da narração do gol do artilheiro Sorato.

No total foram mais de seis horas de comemorações na sede do clube, brindadas com 15 mil litros de chope patrocinados pela diretoria. Ainda referente às comemorações houve um amistoso contra o Nova Cidade que, coincidentemente, terminou em 1 a 0. Gol de Sorato.

Os vascaínos Martinho da Vila, Sérgio Cabral, o Comandante da PM e o Mestre Jamelão exibem orgulhosos a faixa de campeão


Sorato ‘acabou’ com os paulistas

Agnaldo Luís Sorato foi o herói do título de 1989. Até hoje, o artilheiro cigano é lembrado pelo feito que levou à felicidade milhões de vascaínos pelo Brasil afora. Na época, um jovem de apenas 20 anos, lançado aos profissionais do Vasco no ano anterior por Sebastião Lazaroni.

Em seus 17 anos de futebol, Sorato vestiu as mais diversas camisas, mas sempre mantendo a fama de goleador. Hoje, com 37 anos, é um experiente atacante que irá em busca de mais gols no time do Ituano, de São Paulo, na próxima temporada.

Antes da final do Campeonato Brasileiro daquele ano, o predestinado jogador já havia feito gols importantes no seus três anos de Vasco. Foi assim na vitória sobre o Flamengo em jogo válido pelo terceiro turno do Campeonato Estadual de 1988. O resultado deu a vantagem ao clube cruzmaltino, que acabou sendo fundamental para a conquista do bicampeonato. Ele também fez vários gols em competições internacionais.

Porém, até hoje, Sorato é lembrado como o camisa 7 que destruiu o São Paulo e colocou o Vasco mais uma vez no mais alto posto do futebol brasileiro. Por isso, a torcida não cansa de gritar em jogos contra o tricolor paulista: “Recordar é viver, Sorato acabou com você.”

Sorato vibra após marcar o gol que deu ao Vasco o título de campeão brasileiro em pleno Morumbi


Selevasco e o sonho do título mundial

Ainda faltavam 12 anos para que Eurico Miranda se tornasse presidente do Vasco, mas em 1989, já como vice de futebol, ele conquistou o título de campeão brasileiro. E para isso, montou uma equipe com vários craques, que rapidamente foi chamada de Selevasco. Para isso, gastou NCz$ 144 milhões, um valor altíssimo para a época.

Foram jogadores como Luís Carlos Winck, Quinoñez, Boiadeiro, Andrade, Bebeto, Tita e Tato que naquele ano deram o sonhado bicampeonato ao clube. E mais uma vez encheram os olhos e o coração da torcida que sonhava em conquistar o título Mundial.

“Foi a primeira de uma série de vitórias que o Vasco conquistará daqui para frente. Vamos nos reforçar ainda mais para, no próximo ano, conquistarmos a Libertadores e, em seguida, disputarmos, em Tóquio, o título mundial interclubes, que também vamos ganhar”, garantiu na época Eurico.

Porém, nem tudo saiu como o dirigente previu. A equipe cruzmaltina ficou em 6º lugar, com apenas duas vitórias, cinco empates e três derrotas. O campeão daquele ano acabou sendo o Olimpia, do Paraguai.

Fonte: Jornal dos Sports (Edição de 16/12/2006)

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